Friday, May 04, 2012

e a batalha dos amarelos e violetas.


O que mais me irrita, na verdade, é esse cárcere em forma de corpo. Eu sei exatamente o que eu quero fazer, o que funciona e a pincelada certeira. Só que minha mão me obedece demais. Ela insiste em não ouvir os devaneios da mente e esquece que também é sentimento.
Porque tudo o que quero, nada mais é, que pintar com o coração, esquecer todo o caminho que separa o que eu sinto e a minha mão com o pincel. E assim erro, tento consertar, insisto no erro, começo tudo de novo. Só que essa luta que travo diariamente com as cores e formas é desgastante, demanda coração demais pro meu pequeno.
E é como se eu pudesse sentir a dor chegando e a angústia pontando a cada milimini-gramas de tinta que coloco sobre o suporte. E a cada passo, a cada meias maratonas de milhões de quilômetros que percorro no afastar e aproximar do filho.
É que eles são como filhos, os estudos, os quadros, todos eles tem um pedaço tão grande de mim que são como filhos. E eu seria uma péssima mãe, tantos natimortos existem espalhados por ai. Porque as formas, tão esforço faço para aparecerem, acabam impregnando na retina e eu não consigo enxergar mais nada. É preciso abandonar e seguir em frente.
Ir em frente, dar o primeiro passo fácil pra esperar o próximo difícil que ai se torna fácil e eu, capenga, poderei soltar todo o corpo numa energia só e todas as cores que quero não mais batalharão comigo. Eu e o mundo mais, todos primeiro impulso.

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