Suprimida pela demanda de resoluções de final de ano, praticamente forçada a fazer aquele balanço geral de como foi que o tal tempo se deu, acabei me dando conta de quanta coisa realmente aconteceu. Não que eu me surpreenda, sempre fui um camaleão. Mas, ultimamente, havia adquirido o hábito de me reinventar a cada novo dia, a deixar o passado pra trás e me abrir a todas as possibilidades que o presente traria.
Há alguns anos, li o “Presente Precioso” e, finalmente, havia percebido o que esse livro queria me dizer. Na época, com apenas seis ou sete anos, era difícil compreender o que já era fato: para uma criança tudo o que não falta é a possibilidade do novo, de estar aberto pra ele, a falta de amarras.
Agora, as convenções insistem em tentar me prender. E, de fato, esse ano começou no mal-bem. Fingia uma felicidade que não existia, pura e simplesmente porque que era o “natural” a ser feito. Para muitos, ter uma escola, um trabalho, um namorado, um círculo de amigos – que, no fundo, não têm nada a ver com você - são sinônimos de felicidade. Pra mim, não. Eu era infeliz, infeliz de verdade. E tudo o que não quero é me prender a esse passado.
Ao longo dos meses, aprendi a me respeitar e respeitar, principalmente, a minha necessidade de não ser convencional. É claro, todo aprendizado tem por consequência mais erros, mais machucados, seus e do outro. Contudo, apenas o simples vislumbre da possibilidade de ser feliz já faz valer a pena.
Porque tudo vale a pena. E é bom repetir isso todo dia ao acordar. Andar com as próprias pernas - suas e únicas -, desviar de regras, tropeçar. De maneira natural, estar aberto todos os dias pra buscar um pouco de luz, um pouco de sorriso em tudo o que se fizer. Hoje, posso dizer que tô tentando, e tentando tanto, resgatar essa coisa da infância. Não há nada mais lindo nesse mundo do que isso.
Coração e mente abertos pra esse novo ano, por favor.