Wednesday, May 25, 2011

Acabou

A página em branco, sempre ela, a me atormentar e me impedir de seguir adiante. Esse era apenas mais um recomeço, de muitos que passaram e que ainda virão. Só que dessa vez é diferente, não existe dor no peito, nem lágrimas nos olhos. Engraçado como cada vez nos tornamos mais duros, mais insensíveis. Me questiono repetidamente se ainda sou capaz de amar.

Eu crio um fantasma dentro de mim, um amor que nunca acabou e que me impede de seguir adiante. Não era a pagina em branco?

Entrei mais uma vez naquele apartamento, naquele velho conhecido lugar. Eu me sentia confortável ali, como da primeira vez que entrei e disse: é aqui. E, além dos mesmos móveis, lá se mantinham imutáveis as palavras. Aquelas mesmas palavras que eram capazes de me machucar tão profundamente, tão cruéis em seus objetivos. Eu as escutava como há cinco anos atrás e elas me atingiam como uma faca, com alvo certo no coração. Talvez até não me machucavam tanto mais, mas o fato é que elas alcançavam seu objetivo.

Sentei-me mais uma vez naquele sofá e, com lágrimas nos olhos, disse que ia ser diferente daquela vez. Eu não estava disposta a dizer o que ele queria ouvir, mentir pra ele acreditar que era verdade. O vermelho se misturava ao violeta, com meus olhos turvos de raiva. Porque ele simplesmente não deixava o passado pra lá? Eu queria me livrar disso, pra sempre. Queria ser feliz com ele. Queria uma página em branco pra recomeçar. Mas ele continuava lá, imóvel como tudo naquele lugar, inclusive nossos próprios sentimentos.

Dessa vez, não há tantos pontos de interrogação, eu tenho certeza do que quero e não vou me deixar me machucar de novo. Ele não mudou, é verdade, nem eu, mas ainda somos capazes de amar. Em meio a tanta turbulência, há carinho, atenção, cuidado. As palavras que tanto me machucaram, hoje, me acalentam, e eu posso dormir em paz.

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