Tuesday, June 15, 2010

O que eu ainda não quero ver.

Eu não o vejo mais, eu não o ouço mais. Mas eu o sinto. Sinto um vulto longe, como se fosse um fantasma ainda tomando conta do que faço. E eu não me sinto bem assim. Dor de amor engana, maltrata, e a tendência é fazer de tudo pra machucá-lo. Mas nem pra isso mais eu tenho força. E o simples pensamento já faz as mãos suarem, as pernas tremerem e tudo em volta fica opaco. Eu estou opaca.
Viver bem é a melhor vingança, mas eu não eu consigo. Tem essa dor no peito, aguda e constante, que ao invés de ir embora me mata cada dia mais. Eu finjo que está tudo bem, me prostituo e grito, pra quem quiser ouvir, que eu nunca me importei.
Viver bem é a melhor vingança, mas eu não consigo. Tocar em seu nome com graça no olhar é ser atriz demais pra mim. E em cada homem que passa, procurar um pouco dele, desejar que fosse apenas ele, e deixá-los partir com um pouco de mim.
Viver bem é a melhor vingança, mas eu... Eu não consigo esquecer seu rosto toda noite ao deitar. Eu não consigo esquecer seu choro contido, suas palavras de raiva, o adeus mais doce que já ouvi...
Eu sinto muito não poder falar de paixão, isso seria muito mais fácil. Eu tenho que falar de amor, um amor incondicional e que, mesmo depois que a dor passa, continua existindo, de forma serena e clara, como jamais poderia existir por outra pessoa.

Monday, May 03, 2010

Cahier de Voyage

Eu tenho uma saudade
de um tempo que não volta
Uma saudade grande e seca
Tão grande e seca que é o vazio

Não volta mais
Eu tenho uma saudade conformista
Que se cala quando quer gritar
E ri quando quer chorar

Eu gosto de clichês
Eu gosto de chorar meus erros
Eu gosto de brincar com fogo

Mas dói, dói uma dor aguda
E eu deixo tudo para trás
Fingindo que nem sei.