E se não fosse pra me perder, eu nem teria
começado. Antes, comecei porque me perdi. E me perdi tanto em alegrias e
encontros, em viver sem esperar que atraquei. Atraquei meu corpo em teu sonho,
já que os meus são tão fugidios. E tua casa se tornou minha, ainda que não
soubesses, acalentando todo vazio do outono.
Amorrr, quero te dizer obrigado.
Amorrr, quero te dizer obrigado.
Hoje tô sentindo meu peito
explodindo de esperança, como se eu não coubesse em mim de tanto desejo de
produzir. E todo aquele vazio que habitava aqui, a espiral de desespero
descendente que como um buraco-negro engole toda a minha luz, se desintegrou. E
o que era abismo se transforma em paixão. Combustível pra explosão que me é
inevitável e, por medo de me saber tão especial e mágica, evitei. E
quando o transcendental em mim me foge, me escondo e me apago. E pela tua
habilidade quase desproposital de me fazer enxergar o melhor em mim, floresço.
Escuto do meu silêncio, as palavras da minha língua. Te escrevo por uma
necessidade interior, irreparável, que grita de vez em vez e é urgente
expressá-la.
Amorrr, quero te dizer obrigado. Obrigado por aparecer na minha
vida e aqui, nesse país que me é tão hostil. Foi tudo calculado, pelo teu
defeito odiado, mas obrigado. O destino que me deu a mão e me conduziu até você e você a mim, vai nos levar além.
Amorrr, quero te dizer obrigado.