Quis começar esse texto de maneira branda, mas não foi possível. Eram tantas as palavras que surgiam em minha mente que até fiquei tonta. E eu só queria me desculpar por ter trazido esse furacão pra cá. Desculpar a mim mesma por tirar minha paz, me auto sabotar. Não que eu não esteja acostumada a sempre agir assim, mas dói.
E dói mais dessa vez, não sei se por ter fingido tão bem pra mim mesma que tinha me tornado uma pessoa melhor ou por ter cometido um antigo erro novamente. Esse furacão era parte de mim, eu não podia fugir. Nada pode me levar pra longe de quem estou. Eu precisava que o outro fosse furacão também pra me acompanhar, só que na ânsia de sentir, me afastei. Então, me desculpa.
Eu vejo calma em meus olhos, me olho no espelho todo dia e acredito no que vejo. Mesmo confusa, precipitada, dando passos maiores que as pernas e escondendo meu rosto de medo. É que, às vezes, eu não faço sentido, e prefiro não fazê-lo. E se mesmo o que faz sentido aqui, está longe da realidade de lá, não há mais desespero. Como ter fatos se não há comunicação? Como poder sentir de verdade se esse calar me impede até de quebrar a cara?
Prefiro minha realidade, então. Sofrer por ter feito tudo errado e tentar ter as queridas lágrimas quentes no rosto. Inventar que a culpa foi toda minha e seguir em frente. Ser ininteligível pra me sentir segura ao meu despir assim. Porque eu tenho medo do que poderia ter sido e não foi, de perder um caminho que a vida me mostrou por puro capricho. E, mais do que isso, meu maior medo é perder a leveza do estar para se tornar ser.
Ainda bem que, dessa vez, o sono ainda vem e o sentimento é doce. Eu apenas espero que não esteja colocando as palavras certas na cena errada. E, se estiver, me desculpa.